A Dominação da Mídia Tradicional no Brasil
Dominação midiática e religiosa no Brasil, suas implicações sociais e políticas, e a ameaça ao Estado Democrático de Direito.
Esse poder de influência pode ser analisado a partir de dois eixos principais: o impacto psicológico do entretenimento de massa e a perpetuação de uma narrativa de consenso social e político.
A repetição excessiva e a estrutura dos programas televisivos — como novelas, programas de auditório e reality shows — têm a capacidade de manter o telespectador em um estado de hiperexcitação passiva. Isso acontece por meio da indução a um consumo contínuo e não crítico de conteúdos que são desenhados para prender a atenção. Esse fenômeno é semelhante ao que é observado em redes sociais e jogos eletrônicos, onde o espectador ou usuário é mantido engajado com constantes picos de excitação emocional, mas sem profundidade reflexiva.
Dentro desse sistema, os indivíduos são conduzidos a esperar resoluções simples para questões complexas, mantendo-os cativos em um ciclo repetitivo que reforça a alienação e a dependência da mídia
2: A Expansão Religiosa e o Controle de Massas
O modelo de dominação da televisão aberta foi expandido pelas igrejas evangélicas, em especial as de orientação pentecostal e neopentecostal. Essas igrejas adotaram a televisão como uma ferramenta de evangelização e dominação em larga escala, com canais de TV próprios e blocos significativos em canais abertos, moldando a consciência religiosa e social de milhões de brasileiros.
As igrejas neopentecostais pregam o renascimento em Cristo, onde os convertidos não são mais vistos como cidadãos inseridos no contrato social mais amplo, mas como filhos de uma comunidade religiosa, desligando-se de suas responsabilidades sociais para seguir uma nova lógica de submissão religiosa. Ao renunciarem ao contrato social tradicional, eles passam a pertencer a uma família espiritual, cujos princípios são impostos pela liderança religiosa.
Esse modelo cria uma estrutura de dominação psicológica e espiritual, em que os fiéis são levados a internalizar uma mensagem única, desprovida de questionamento crítico e completamente alinhada aos interesses das igrejas e seus líderes. A televisão, neste contexto, não é apenas um meio de comunicação, mas uma ferramenta de controle espiritual que mantém milhões de brasileiros dentro de uma narrativa religiosa massificada.
3: A Nova Avenida da Internet e Seus Desafios
Embora a internet tenha aberto novas possibilidades de comunicação e diálogo, representando uma ruptura parcial com o monopólio midiático tradicional, ela também trouxe seus próprios perigos de controle e alienação. As redes sociais e plataformas digitais replicam, em muitos casos, o mesmo ciclo de hiperexcitação emocional observado na TV aberta.
Na internet, algoritmos são desenhados para manter os usuários engajados em suas próprias bolhas de informação, onde recebem conteúdos que confirmam suas crenças pré-existentes. Assim como a televisão aberta aliena através de uma narrativa controlada e uniforme, as plataformas digitais fragmentam a realidade em milhões de microcosmos, onde os usuários estão cada vez mais distantes do pensamento crítico e das realidades externas às suas bolhas.
Essa nova avenida de controle utiliza técnicas distintas, mas igualmente eficazes, para moldar o comportamento e a consciência da população. Enquanto a TV aberta continua a exercer sua influência massiva, a internet se transformou em uma ferramenta adicional de alienação, onde os perigos de controle são mais sutis, porém igualmente devastadores.
4: Fragmentação Social e a Ameaça ao Estado de Direito
O impacto dessa dominação midiática e religiosa no Brasil é endêmico e profundamente arraigado, pois afeta todas as camadas da sociedade, promovendo uma fragmentação que enfraquece o contrato social descrito na Constituição Federal. As bolhas individuais criadas pela mídia e pela religião promovem divisões profundas, que tornam a coesão social quase impraticável.
Com essa fragmentação, vemos o surgimento de uma representatividade nociva em várias esferas de poder, que não apenas diverge dos princípios constitucionais, mas também busca ativamente destruí-los. Esses grupos, utilizando-se dos meios de comunicação, propagam agendas autoritárias que minam o Estado de Direito, deslegitimam as instituições democráticas e atacam a ordem constitucional estabelecida.
O resultado é um perigo crescente à democracia, onde grandes parcelas da população são manipuladas a apoiar discursos e políticas que enfraquecem as liberdades civis e os direitos fundamentais. A televisão e a internet, em vez de promoverem o pluralismo e a diversidade de ideias, se transformam em ferramentas de manipulação e controle, que consolidam o poder nas mãos de líderes políticos e religiosos com agendas antidemocráticas.
Conclusão
O problema da dominação midiática e religiosa no Brasil é estrutural e profundo, refletindo um fenômeno endêmico de difícil resolução. A expansão das bolhas individuais, alimentadas por um sistema de controle tanto na televisão aberta quanto na internet, leva à alienação das massas e ao enfraquecimento do contrato social constitucional.
A televisão aberta, aliada ao crescimento das igrejas evangélicas, mantém a população cativa em um ciclo de renascimento espiritual e submissão, enquanto a internet se tornou uma nova avenida de alienação, onde o controle psicológico e ideológico é reproduzido de forma diferente, mas igualmente poderosa.
Essa situação ameaça diretamente o Estado Democrático de Direito, uma vez que promove a ascensão de líderes e grupos que buscam quebrar a Constituição e as instituições democráticas. A resistência a essa dominação exige um esforço coletivo de recuperação do pensamento crítico, do pluralismo e do fortalecimento das instituições democráticas, para preservar as conquistas e a integridade do Brasil enquanto nação democrática.
Este documento sintetiza a complexa rede de influências e domínios que moldam a sociedade brasileira, destacando os desafios da mídia, da religião e da internet na preservação do contrato social e da democracia no país.
Epílogo:
A Imutabilidade da Dominação Midiática
Os análogos deste estudo mostram que, apesar das transformações tecnológicas e sociais ao longo das últimas décadas, nada mudou fundamentalmente no que diz respeito ao papel da mídia como ferramenta de dominação. Desde a criação e consolidação da televisão como o principal meio de comunicação de massa, até sua expansão para as telas dos celulares e outros dispositivos digitais, a essência do controle sobre as massas permanece intacta.
O poder de manipulação ideológica que a TV aberta exerceu nas décadas passadas foi simplesmente transferido e amplificado com a chegada da internet e da ubiquidade dos smartphones. Hoje, o ciclo de alienação, entretenimento e fragmentação social não está mais restrito ao horário nobre da televisão, mas acontece de forma contínua, 24 horas por dia, nos dispositivos que carregamos conosco.
Se antes a alienação ocorria diante da TV, com programas cuidadosamente desenhados para manter o público em um estado de hiperexcitação passiva, agora ela se dá de maneira personalizada e ininterrupta nas redes sociais, plataformas de streaming e aplicativos. A fragmentação da realidade em bolhas individuais, já observada na TV, se intensificou nas novas formas de consumo digital, criando uma sociedade ainda mais dividida e sujeita ao controle ideológico de diversos grupos de poder.
O avanço da tecnologia não trouxe a emancipação ou o empoderamento tão esperados. Ao contrário, as novas mídias apenas ampliaram as ferramentas de controle e alienação, tornando ainda mais difícil a resistência a esses mecanismos de dominação.
Síntese:
Desde os primeiros estudos sobre a alienação provocada pela televisão até as críticas mais recentes ao papel das plataformas digitais, o que se percebe é que os mecanismos de controle social continuam a evoluir, mas sua função permanece a mesma: manter as massas cativas, distantes do pensamento crítico e, consequentemente, do poder de agir sobre suas próprias realidades. A fragmentação social e a alienação promovida pela mídia, tanto tradicional quanto digital, impedem que a sociedade se organize de forma coesa, fragilizando o contrato social e as instituições democráticas.
A tecnologia, longe de ser um vetor de libertação, tornou-se a continuidade de um sistema que há décadas sustenta e perpetua o controle ideológico sobre a população. Em vez de uma revolução emancipadora, o que assistimos é a expansão do espetáculo, onde a realidade é moldada para servir aos interesses de grupos específicos, sejam eles políticos, religiosos ou corporativos. O ciclo se mantém, apenas com novas ferramentas, perpetuando a alienação e o controle das massas.
A Resposta Progressista e a TV Civil Brasil
Hoje, há uma vacina para o controle midiático tradicional que, mesmo com suas limitações, surge como um alento. O YouTube, por exemplo, deu espaço ao florescimento de canais de mídia progressista, como Brasil 247, Fórum, ICL GGC, entre outros. Esses veículos contribuem para que a informação flua de forma mais democrática, permitindo o debate e a disseminação de notícias fora do eixo controlado pela grande mídia.
Esses canais, mesmo que ainda carreguem os vícios do jornalismo tradicional — por vezes cometendo os mesmos erros típicos do jornalismo raiz, influenciado por pensadores como Chatô (Assis Chateaubriand) — representam um alento em um cenário árido, onde a verdade e o debate livre muitas vezes são suprimidos. Esses espaços, comparáveis a flores no deserto, vêm possibilitando uma nova forma de se fazer jornalismo, alinhado com o espírito investigativo e plural.
Nesse contexto, surge a TV Civil Brasil, um canal comprometido com a fala verdadeira e a liberdade de expressão. Diferente das grandes corporações midiáticas, esse canal busca proporcionar um espaço para a disseminação de informações de maneira íntegra e imparcial, abordando os temas de forma factual, sem distorções ou manipulações. Ao invés de impor juízos de valor, a TV Civil Brasil deixa que o espectador faça sua própria análise e reflexões.
Esse projeto se posiciona como um banco de dados vivo, uma plataforma de conhecimento aberta a todos os brasileiros, especialmente aqueles que querem se engajar com o país em sua essência. Os temas abordados, caros à nossa sociedade, são trazidos à tona com o objetivo de reconectar a população com as raízes e realidades brasileiras.
Em um cenário onde a mídia tradicional e até mesmo as novas plataformas digitais podem servir a interesses de controle, a TV Civil Brasil se apresenta como uma alternativa. Ela oferece não apenas notícias, mas um espaço para a consciência crítica, necessário para que a sociedade brasileira avance com conhecimento e autonomia.
Jornalista
Albert Ramos
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