Do Mercosul ao BRICS: Lula é o Pai!


O Caminho Político do Brasil Sob a Liderança de Lula e Dilma Rousseff

A trajetória do Brasil no cenário internacional, especialmente durante os governos do Partido dos Trabalhadores (PT) sob Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, é marcada pela busca de integração regional, pela resistência a pressões hegemônicas e pela construção de um novo eixo de poder global. O fortalecimento do Mercosul, a criação do BRICS e a ampliação de parcerias estratégicas, como a Nova Rota da Seda, são marcos dessa política. Entretanto, essa caminhada foi acompanhada de diversas tentativas de sabotagem, tanto internas quanto externas, que visavam enfraquecer o protagonismo do Brasil e de seus aliados emergentes.


O Mercosul como Primeira Estratégia de Integração (2003-2010)


Quando Lula assumiu a presidência em 2003, o Mercosul já existia desde 1991, mas o bloco enfrentava desafios significativos de integração e coordenação política. Lula, ciente da importância de fortalecer as relações regionais, priorizou a revitalização do Mercosul, transformando-o em uma ferramenta central de sua política externa. Durante o primeiro mandato, o Brasil desempenhou um papel crucial em manter o bloco unido e funcionando, especialmente ao lado da Argentina, Paraguai e Uruguai.


A decisão de Lula de rejeitar a proposta dos EUA para a criação da Área de Livre Comércio das Américas (ALCA), em favor do fortalecimento do Mercosul, foi uma de suas principais movimentações estratégicas. A ALCA, promovida pelos Estados Unidos, teria colocado os países latino-americanos em uma posição de maior dependência econômica em relação ao mercado norte-americano. Ao recusar a proposta em 2005, Lula reafirmou a soberania regional e abriu caminho para a integração econômica e política entre os países do Sul Global.


Esse movimento foi acompanhado pela criação de instituições paralelas, como a União das Nações Sul-Americanas (Unasul), em 2008, um organismo que buscava integrar ainda mais a região em termos políticos e de defesa. A Unasul foi vista como uma resposta direta às tentativas externas de dividir a América Latina e enfraquecer a sua unidade.



A Formação do BRICS e a Expansão do Multilateralismo (2006-2010)


À medida que o Brasil consolidava sua posição como líder regional, Lula começou a ampliar a projeção do país no cenário internacional. Em 2006, o Brasil participou das primeiras discussões que levariam à formação do BRICS, um bloco de cooperação entre Brasil, Rússia, Índia e China. O grupo foi formalizado em 2009 com a inclusão da África do Sul em 2010, e sua criação foi uma resposta ao crescente consenso de que a ordem global, dominada pelos Estados Unidos e pela Europa Ocidental, não refletia mais as realidades econômicas e políticas do século XXI.


O BRICS representou a possibilidade de uma nova configuração do poder mundial, baseada na cooperação entre grandes economias emergentes. O bloco se posicionou como uma plataforma para discutir a reforma das instituições internacionais, como o FMI e o Banco Mundial, além de promover o multilateralismo econômico e político.


A presidência de Lula foi crucial na formação do BRICS. Ele estabeleceu um diálogo estreito com a China e a Rússia, ampliou as parcerias comerciais e defendeu a ideia de um sistema financeiro internacional mais inclusivo e menos dependente do dólar. Esse período foi marcado por um intenso trabalho diplomático para que o Brasil fosse reconhecido como um ator-chave nas discussões sobre governança global.


Dilma Rousseff e o Fortalecimento do BRICS (2011-2016)


Com a sucessão de Dilma Rousseff em 2011, a política externa brasileira manteve a mesma linha de fortalecimento do BRICS e de aprofundamento das relações Sul-Sul. Dilma deu continuidade ao esforço de Lula, ao defender a ampliação das relações entre os países emergentes e ao buscar alternativas ao modelo tradicional de desenvolvimento proposto pelas instituições ocidentais.


Em 2014, sob a liderança de Dilma, foi criado o Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), também conhecido como o “Banco do BRICS”, uma instituição financeira multilateral que tinha como objetivo financiar projetos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável nos países membros, além de oferecer uma alternativa ao FMI e ao Banco Mundial. O NBD foi um marco importante na consolidação do BRICS como uma força econômica e financeira independente.


Além disso, Dilma foi uma entusiasta da cooperação tecnológica e energética dentro do BRICS, promovendo a troca de conhecimento e a colaboração em áreas estratégicas, como a ciência e a inovação. Seu governo também reforçou a parceria com a China, particularmente no âmbito da Nova Rota da Seda, um projeto que visava conectar a Ásia, Europa e África por meio de uma rede de infraestrutura e comércio. A inclusão do Brasil nesse projeto foi vista como uma oportunidade de ampliar as relações comerciais e de investimentos com a Ásia, diversificando ainda mais a política externa brasileira.


Tentativas de Sabotagem e Crise Interna (2013-2016)


Entretanto, tanto Lula quanto Dilma enfrentaram fortes resistências internas e externas ao longo de seus mandatos. No Brasil, uma série de crises políticas e econômicas, exacerbadas pelas investigações da Lava Jato, desgastaram o governo Dilma. O impeachment(Político) da presidente em 2016 foi amplamente interpretado, por seus aliados, como uma tentativa de reverter as políticas progressistas implementadas pelo PT, que incluíam a construção de uma política externa independente e mais voltada para o Sul Global.


Externamente, o crescimento do BRICS foi acompanhado de tentativas de contenção por parte das grandes potências ocidentais. A criação de um bloco de cooperação que desafiava a ordem econômica e financeira liderada pelos EUA e pela Europa não foi recebida sem reações. Em muitos aspectos, a crise interna brasileira, alimentada por pressões econômicas e políticas, refletia a resistência a um Brasil forte e independente no cenário internacional.


A Consolidação do BRICS e a Nova Ordem Mundial (2016-2023)


Mesmo com a saída de Dilma e a crise política que se seguiu, o BRICS continuou a se consolidar. A liderança dos outros países membros e o fortalecimento de suas economias permitiram que o bloco mantivesse sua relevância no cenário internacional. A China, em particular, tomou a dianteira com o projeto da Nova Rota da Seda, integrando o Brasil e outros países do BRICS em sua rede de comércio global.


O retorno de Lula ao poder em 2023 marca uma nova etapa na política externa brasileira, com uma ênfase renovada no BRICS e na integração com as economias emergentes. Lula busca reaproximar o Brasil de seus parceiros tradicionais, reforçando a cooperação com a China e a Rússia e promovendo a reforma das instituições globais, como o Conselho de Segurança da ONU.


Conclusão


O caminho do Mercosul ao BRICS, passando pelos governos de Lula e Dilma, representa uma mudança significativa na posição do Brasil no cenário internacional. O fortalecimento da integração regional, a criação de novas alianças globais e a contestação à hegemonia econômica dos Estados Unidos foram os pilares dessa política. Embora tenham enfrentado crises e tentativas de sabotagem, os governos do Partido dos Trabalhadores deixaram um legado importante: a consolidação do BRICS como um bloco global relevante e a participação ativa do Brasil em um mundo cada vez mais multipolar.


Esse movimento, iniciado por Lula e continuado por Dilma, colocou o Brasil no centro das discussões sobre o futuro da governança global e abriu portas para novas formas de cooperação entre os países do Sul Global, moldando a nova ordem mundial do século XXI. Um caminho sem volta onde rumamos para um novo desconhecido e promissor estado quo.

Albert Ramos 


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